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Mercado prevê inflação no centro da meta em 2017

Os economistas do mercado financeiro baixaram sua estimativa de inflação para este ano, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,64% para 4,47% na semana passada.
As expectativas dos analistas do mercado financeiro foram coletadas pelo Banco Central na semana passada e divulgadas nesta segunda-feira (13) por meio do relatório de mercado, também conhecido como Focus. Mais de cem instituições financeiras foram ouvidas.
Com isso, o mercado financeiro passou a estimar que a inflação ficará abaixo da meta central de inflação deste ano, fixada em 4,5% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e que o objetivo central será atingido. A última vez que o mercado havia estimado que a meta central de inflação deste ano seria atingida foi em outubro de 2013, quando os economistas estimaram um IPCA de 4,50% para 2017.
A meta central de inflação não é atingida no Brasil desde 2009. Naquele momento, o país ainda sentia os efeitos da crise financeira internacional de forma mais intensa, que acabou se espalhando pelo mundo. A piora da crise financeira veio após o anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers, em setembro de 2008.
Pelo sistema de metas de inflação vigente, a meta não pode ser considerada formalmente descumprida quando o IPCA fica dentro do intervalo de tolerância - que, para 2017, é de 1,5 ponto percentual. Neste caso, a inflação pode oscilar entre 3% e 6%. A inflação já havia ficado dentro do intervalo no ano passado - após ter sido descumprida em 2015 ao superar a barreira dos 10%.
A previsão de que a meta central será atingida neste ano está relacionada com o baixo nível de atividade. O Brasil passa por um período de forte recessão, embora indicadores comecem a apontar para uma melhora do nível de atividade nos últimos meses. Mesmo assim, o desemprego e a inadimplência permanecem altas.
Com a economia fraca, a inflação está bem comportada. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA ficou em 0,38% no primeiro mês de 2017 - o mais baixo para janeiro da série histórica, que teve início em dezembro de 1979. No mesmo mês de 2016, o IPCA havia atingido 1,27%.
Para 2018, a previsão do mercado financeiro para a inflação permaneceu estável em 4,50%. O índice está em linha com a meta de inflação do período (4,5%) e também abaixo do teto de 6% para o ano que vem.
Produto Interno Bruto
Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2017, o mercado financeiro baixou a previsão de um crescimento de 0,49% - expectativa da semana anterior - para uma alta menor: de 0,48%.
O governo estima uma alta de 1%, mas o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já confirmou que deverá revisar este número para baixo.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
Em 2015, houve uma contração de 3,8%, a maior em 25 anos. O resultado de 2016 ainda não foi divulgado pelo IBGE, mas a previsão do mercado é de um "tombo" próximo de 3,5%. Essa será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de retração no nível de atividade da economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948.
Para 2018, os economistas das instituições financeiras, porém, subiram de 2,25% para 2,30% sua estimativa de expansão do PIB.
Taxa de juros
O mercado financeiro manteve sua previsão para a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 9,50% ao ano no fechamento de 2017. Atualmente, os juros estão em 13% ao ano.
Para o fechamento de 2018, a estimativa os economistas dos bancos para taxa Selic continuou 9% ao ano. Com isso, estimaram que o processo de corte dos juros terá continuidade no ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. A instituição tem de calibrar os juros para atingir índices pré-determinados pelo sistema de metas de inflação brasileiro.
As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços. Quando julga que a inflação está compatível com as metas preestabelecidas, o BC pode baixar os juros.
Câmbio, balança e investimentos
Na edição desta semana do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2017 recuou de R$ 3,40 para R$ 3,36. Para o fechamento de 2018, a previsão dos economistas para o dólar caiu de R$ 3,50 para R$ 3,49.
A projeção do relatório Focus para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2017 subiu de US$ 46,5 bilhões para US$ 47,2 bilhões de resultado positivo. Para o próximo ano, a estimativa dos especialistas do mercado para o superávit recuou de US$ 40,5 bilhões para US$ 40,2 bilhões.
A projeção do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2017 permaneceu inalterada, em US$ 70 bilhões. Para 2018, a estimativa dos analistas ficou estável em US$ 71,9 bilhões.