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Emprego 2021: Veja quais os setores em alta e como ficam os salários

Muitas pessoas começaram o ano procurando emprego. Esse é um dos reflexos da pandemia do novo coronavírus que abalou a economia do país em 2020 com a crise sanitária e fechou diversos postos de trabalho. Uma consulta realizada pela CNN com consultorias e empresas especialistas no mercado de trabalho, Robert Half, Catho, Randstad e Revelo, a previsão para 2021 é de mercado aquecido nas áreas de tecnologia, saúde, agronegócio, infraestrutura e logística.

Outras tendências para este ano são de salários achatados e cada vez mais discrepantes entre gestores e funcionários de base, trabalho remoto intermitente e uma atenção excepcional às características comportamentais do profissional, as chamadas "soft skills".

Contratações 2021
Após um ano em que o desemprego bateu um recorde, com uma taxa de desocupação ultrapassando os 14% no terceiro trimestre, as previsões para este ano são um pouco mais otimistas.

Um estudo da Deloitte mostrou que 44% das empresas brasileiras pretendem aumentar o quadro de funcionários em 2021 e apenas 9% têm intenção de demitir. Também em este ano, os contratos temporários, mesmo entre profissionais mais especializados, devem ganhar mais espaço. Contudo, nada que devolva as perdas de 2020.

"Nosso índice de confiança mostra que há uma expectativa de gestores pela abertura de novas vagas, o que deve trazer uma melhora na taxa de desemprego, mas nada excepcional", diz Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half.

"A gente vê as empresas contratando, mas a taxa de desemprego não deve voltar ao patamar dos 4% ou 5%, como era há alguns anos, tão cedo. Não vai ser em 2021 que a gente vai ver isso", afirma.

Contratos temporários
De acordo com um levantamento da Robert Half com 300 líderes de grandes empresas, o modelo de contratação temporária para projetos específicos —com duração de alguns meses ou pouco mais de um ano— foi bem sucedido e deve ser repetido pelas empresas em 2021.

Entre os executivos brasileiros, ainda de acordo com a consultoria, 50% dos que experimentaram a contratação de especialistas por um tempo determinado pretendem fazer isso novamente no ano que vem e 41% disseram que vão aumentar o quadro de funcionários em projetos com prazo de validade nos próximos meses.

Setores aquecidos em 2021
Na área comercial, houve um recuo de 50% na oferta de vagas durante o segundo e o terceiro trimestre de 2020 em relação a 2019, de acordo com dados da Randstad. Esse número pode se aprofundar ainda mais em 2021, diz a recrutadora, que acredita que o e-commerce pode se consolidar como principal canal do varejo nos próximos anos.

Por outro lado, alguns setores da economia continuaram crescendo e podem ser os grandes responsáveis por absorver a massa desocupada no médio e longo prazo. Confira a seguir.

Tecnologia

Com um déficit de mão de obra cada vez maior e responsável pela inovação e desenvolvimento de outras áreas, o ramo de Tecnologia foi citado por todas as consultorias como o principal empregador deste e dos próximos anos.

"A tecnologia traz coisas que vão mudar o mundo. São inovações que apontam um caminho sem volta. E isso traz um impacto em todos os setores, em termos de trabalho", diz Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half.

De acordo com levantamento da Revelo, as vagas para o setor de tecnologia cresceram em 25% e as médias salariais também apresentaram um aumento de 20% a 30%.

"O mercado de tecnologia teve alta significativa durante o ano de 2020, o que traz nossa atenção para o setor e para o entendimento sobre como é a remuneração desses profissionais em todo o país", diz relatório da companhia.

Saúde

A saúde ganhou ainda mais atenção e importância em meio à pandemia de coronavírus, e a tendência deve se manter pelos próximos anos, dizem os especialistas, mesmo que as coisas "voltem ao normal".

Segundo levantamento da Catho, em 2020, a procura por profissionais da saúde teve crescimento de até 725% em algumas áreas, na comparação com 2019 --caso dos cargos de fisioterapeuta hospitalar e respiratório, por exemplo, protagonistas na recuperação de pacientes graves da Covid-19.

Agronegócio

Um pouco menos óbvio, talvez, seja citar um setor tão antigo e tradicional quanto o agronegócio entre as tendências do futuro. Mas as discussões em torno da sustentabilidade e da alimentação fazem com que o ramo esteja no centro das atenções.

Infraestrutura e logística

Quando o assunto é infraestrutura e logística, a grande questão é o transporte. Muito além do carro compartilhado, inovação trazida pelos aplicativos de carona e avanços, como os veículos inteligentes, podem ser a grande aposta das empresas no longo prazo.

E se engana quem pensa que inovações como os carros que dirigem sozinhos vão tomar o lugar do trabalho humano. “A mão de obra muda de lugar, mas nunca deixa de existir”, diz Mantovani.

Salários 2021

A pandemia marcou o mercado de trabalho por um aumento da desigualdade entre a remuneração de executivos do alto escalão e funcionários com cargos de entrada.

Dados da Randstad apontam que, de 2019 para 2020, mesmo com o surgimento da pandemia, os salários de profissionais com escolaridade superior tiveram valorização de 10% a 50%. Enquanto isso, profissionais em início de carreira ou de níveis técnicos e operacionais sofreram descontos entre 5% e 30% durante o ano, em relação ao ano anterior.

Mesmo entre gestores, a diferença na remuneração permanece significativa: especialistas e profissionais sêniores recebem 25% a mais do que supervisores e coordenadores abaixo deles, ainda de acordo com a Randstad.

Conforme mostra a Robert Half, essa já é uma preocupação do mercado. Uma pesquisa com 300 gestores mostrou que 53% deles acredita que os salários vão sofrer "grande variação" nos próximos anos.

"Quando a gente olha para o salário base, há uma estagnação muito grande. Os salários não mudam há bastante tempo. Há três ou quatro anos as empresas vêm administrando crise, e o não crescimento. Nenhuma delas quer aumentar custo num momento como esse", explica Mantovani, da Robert Half.

Cientes do problema, 56% desses líderes está "muito preocupado" com a retenção de bons profissionais e 54% desta fatia diz que o maior medo é perder um bom funcionário para a concorrência.

Além disso, quem compõe o salário com PLR e outros benefícios deve esperar uma redução de renda no final de 2020. Para 2021, no entanto, a expectativa é de melhora.